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Delegado é mal recepcionado em hospital público no ES, e só foi atendido após ser reconhecido por funcionários do local.

Delegado é mal recepcionado em hospital público no ES, e só foi atendido após ser reconhecido por funcionários do local.

Depois de ser mal atendido por uma servidora estadual em um hospital da Grande Vitória, no ES, na última quinta-feira, o titular da Delegacia de Delitos de Trânsito e professor universitário, delegado Fabiano Contarato, denunciou o comportamento inadequado da funcionária pública.
Ele disse, indignado, que ficou “extremamente constrangido” com a exposição que sofreu e que, por isso, fez a reclamação aos superiores da servidora.

"Todos merecemos ser bem atendidos, independente da condição financeira, posição social ou cargo público que ocupamos".

Repórter — O que aconteceu com o senhor ?

FABIANO CONTARATO — Fui a um hospital público visitar uma vítima de acidente de trânsito e, chegando à recepção, senti na pele o que diariamente milhares de pessoas devem sentir ao buscar os serviços públicos de saúde.

Uma funcionária falando alto e com gestos grosseiros veio me atender. Expliquei que estava ali para visitar uma paciente de um caso que estou acompanhando.
Não satisfeita, ela continuou a me tratar mal. Aos poucos, as pessoas que estavam na recepção vieram me cumprimentar. Inclusive uma senhora veio a mim para falar de uma situação pessoal e pedir orientação, e nesse momento a funcionária pública soube que estava falando com um delegado.
O comportamento dela mudou no mesmo instante. Falou mais baixo, com gestos mais delicados.
Mas ainda assim continuou pedindo que eu provasse que era delegado e mostrasse um documento de identificação da minha posição.
Ela então questionou, com ironia: “Quem comprova que o senhor é delegado?”

>E o que o senhor fez?

Disse que só ia dar a identidade comum. Afinal, a Constituição diz que todos são iguais perante a lei.
Foi então que chegou uma outra servidora e disse que eu era delegado mesmo e que era para me deixar entrar. O que mais me estarreceu foi que para o hospital funcionou a base da “carteirada ”.
Porque só depois que outras pessoas me reconheceram é que elas fizeram a liberação. Fiquei extremamente constrangido. Eu senti vergonha no lugar dela.

>Qual foi a sensação diante desse tratamento?

A sensação é muito ruim, é um descaso. A administração pública é regida por princípios da Constituição Federal, como os previstos no artigo 37, que prega: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Mas em muitos órgãos públicos vemos que há muitos funcionários sem vocação para lidar com a população. Falta consciência e sensibilidade.

> Depois do ocorrido, o senhor tomou alguma atitude?

Eu fui aos diretores do hospital para fazer a reclamação sobre o atendimento que tive. Fiz a denúncia e falei com os gestores: "Assim como vocês são servidores, eu também sou. E o atendimento à população e a imagem que vou ter por isso é o meu cartão de visitas. Em situações como essa é que percebemos o quanto a população mais humilde sofre. Fiz a questão de fazer a denúncia porque às vezes nem tudo chega ao conhecimento dos superiores, fazendo com que os comportamentos inadequados não mudem."

>O senhor avalia que o comportamento dessa servidora reflete a ineficiência de modo geral do serviço público?

Não vou generalizar, porque sei que temos bons funcionários atuando nos hospitais. Mas fiquei triste e revoltado com o meu atendimento inicial e com tanto desprezo pelo ser humano. Todos merecemos ser bem atendidos, independente da condição financeira, posição social ou cargo público que ocupamos. Todos somos parte da mesma sociedade. Pagamos altas taxas de impostos para termos acesso aos serviços
públicos. Trate aquele que te atende com cordialidade, mas também exija ser tratado com respeito.

>O que o senhor acredita que pode ser feito para melhorar a qualidade no atendimento? 

Além do comportamento partir do próprio servidor, de atender de forma humanizada cada cidadão, acho que deve haver mais rigor e punição para quem está em desacordo com o tratamento desejado.

Muitos servidores se escondem sob o manto da impunidade e da estabilidade.
Além disso, a sociedade tem de entender que tem que denunciar o comportamento do servidor que não cumpre os princípios de servir com eficiência e cumplicidade.

Vou propor uma lei estadual. Afinal, é muito comum nas repartições o cidadão ser punido quando desacata uma autoridade. O que vou sugerir é que o funcionário público que não tratar com eficiência e educação possa ser processado administrativamente e, dependendo do tratamento com o cidadão, até configurar como prática de crime por difamação.

"Muitos servidores se escondem sob o manto da impunidade e da estabilidade". FABIANO CONTARATO TITULAR DA DELEGACIA DE DELITOS DE TRÂNSITO E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO


Fonte: Jornal Atribuna ES, em 31 Ag, 2013, Pag 31

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